segunda-feira, 28 de setembro de 2009

E agora as autárquicas

Agora que já se terminou o capítulo Legislativas, eis que começou hoje a batalha Autárquicas.
Se bem que em muitas câmaras e juntas as eleições são um mero pró-forma, algumas outras adventam duas semanas intensas de actividade, campanha e, claro está, jogo de bastidores e provavelmente sujo, muito sujo, como creio que será em Matosinhos e algumas das suas freguesias.
Entretanto, depois de alguns cafés subversivos perto de alguns cartazes novos e outros nem por isso, deparei-me com um fenómeno engraçado: a independência é tanta que se optou por um cartaz tipo para todas as freguesias e com uma descrição muito simples:

- o independente-mor de gravata para ficar mais bonito já que está à frente em primeiro plano;
- o súbdito em mangas de camisa e sem gravata com escala ajustada à do primeiro-planista, o que se justifica, porque ou já chega a corda a apertar o nó pela estupidez em que se meteram ou porque vão ser eles a ter que trabalhar para dar os louros ao "chefe";
- todos se chamam narciso, o que se aceita atendendo à aspiração de omnipotência do "chefe";
- todos os candidatos têm a freguesia no coração, por mim tudo bem, até porque se não há projectos, inteligência ou raciocínios apela-se ao sentimento (o Benfica safou-se à grande com a operação coração).
Agora sim, com a torradinha a sair e a acompanhar o café de hoje, fica-me uma dúvida: será que "Narciso" já tem registo tipo "CR9" e vai fazer vender camisolas à força toda, que é como quem diz angariar cruzinhas no boletim???
Se andar com "Ronaldo" nas costas já não motiva muitos matosinhenses, parece-me que exibir "Miranda" não vai ter pernas para andar...

domingo, 27 de setembro de 2009

A vitória toca a todos


Terminado o escrutínio das legislativas, deu-se como reeleito o actual primeiro-ministro. Apesar de amanhã, ao tomar o meu café matinal, me poder vangloriar de ter apostado no "cavalo vencedor", confesso ter ficado algo confuso relativamente aos comentários dos líderes supostamente derrotados já que, a julgar pelos discursos, todos venceram.
A Nelinha Leite venceu o título "maior partido da oposição", o Chico Canhoto o do "roubamos muitos votos ao PS", o proletário Jerónimo o título "a vitória moral do costume", o Paulinho das Feiras o do "sorriso forçado mais natural" e os dos partidos pequeninos o prémio ex-aequo "pelo menos participamos"...
Sendo asim, sinto-me defraudado ao exercer o meu dever cívico, aquele pelo qual tantos lutaram e se sacrificaram, que fizeram da política algo novamente emocionante e que motivava as pessoas, que permitia ideais diferentes dos da Velha Senhora, em que os derrotados se sentiam humilhados e derrotados por não terem conseguido convencer os eleitores da supremacia da sua doutrina.
Que raio de vitória é esta em que os adversários não baixam a crista que levantaram durante 2 semanas e aceitam que, contas redondas, PERDERAM???
Às tantas essa sempre foi a certeza dos derrotados, que nunca esperaram ser eleitos e que tiveram 2 semanas com metade do trabalho do Engenheiro Porreiro: só tiveram de preparar um discurso: o da DERROTA.

sábado, 26 de setembro de 2009

Escolher em quem votar

Aproveitando a calmaria do dia de reflexão política, que é como quem diz um dia de sossego depois de uns quantos seguidos de barafunda e sarrafustedo de pouco nível por parte de alguns, procurei tomar o meu café subversivo e umas torradas com um amigo de sempre, que tem uma capacidade impressionante de, em pequenos comentários de bobo, sintetizar ideias e justificar sensações.
Ainda antes das torradas aquecerem a manteiga, a pergunta incómoda para quem ainda não decidiu o seu voto: "Vais votar em quem para primeiro-ministro?" e a resposta da praxe, minimamente correcta e a desculpar o facto de ainda não ter decidido: "Então, pá... o voto é secreto...". Uma trinca na torrada, 10 segundos de silêncio e o comentário do meu amigo: "Sabes, não vou votar em nenhum daqueles que está nos cartazes com expressão de obstipado ou prestes a soltar um traque inconveniente..."
Quase engasgado com a torrada pela gargalhada imediata, um gole de café acalmou-me e reflecti naquele comentário... Realmente todos os candidatos do centro para a direita têm efectivamente essa expressão, ou estará a ser confundida com uma expressão de sentimento antecipado de derrota, de ser a cara de uma causa perdida e de ter aceitado ser testa de ferro de um movimento no qual não acredita nem augura qualquer futuro?
Segundo dizem na publicidade televisiva, quem é mais o organismo regular vive o dia-a-dia mais sorridente, esclarecido e com mais alegria. Segundo diz o povo, quando se está "entupido" a matéria vai subindo e começam a aparecer as ideias de m####. Acho que vou optar pelo candidato mais sorridente e bem disposto nos cartazes...
Porreiro, pá!!!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Desigualdade entre pseudo-pares

O dia apresentava-se estival como se teimasse em enganar os demais de que o Verão ainda não acabou e, desta feita, optei por tomar o meu café e a minha torrada noutro local que não o costumeiro. No percurso deparei-me com novos cartazes por todas as freguesias onde finalmente fazem a aparição os candidatos ditos independentes de certa associação às juntas de freguesia.
Depois da surpresa de algumas caras pouco familiares, veio a estranhesa da concepção desta propaganda política em que surge um candidato à respectiva freguesia atrás da figura daquele de quem não se pode falar e que numa faixa de boletim de voto vem "Narciso"escrito como se esse fosse o nome de todos os candidatos às juntas.
O café já esfriara um pouco e as torradas pingavam já aquela manteiga gulosa que não consigo largar e dei por mim a tentar perceber como é possível que gente supostamente inteligente (comandar uma junta de freguesia não será para lorpas) se deixe tratar não como um igual entre pares mas como subordinado de um narcísico aspirante a todo-poderoso, nas suas costas e em pose de submissão. Será que vale a pena esta inferiorização publicada em imagem pelo tacho ou benesse prometida???
Inspirei os últimos vapores quentes da minha dose subversiva de cafeína e percebi que para alguns a submissão deve ser maior que para outros, exemplo prático o de um pseudo sabedor da tabuada que em certo cartaz aparece da mesma estatura de um iletrado quase analfabeto... Se calhar a prática de determinado desporto fez crescer a estatura do segundo para perto do tamanho do seu ego!!!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Exercício de Memória

Hoje o café estava muito quente para ser tomado de imediato (o primeiro dia de outono disfarçou-se de Estio) e as torradas ainda demoravam um pouco a saltar, pelo que me reclinei e comecei a fazer o meu exercício mental diário de escolher o primeiro tema que me viesse à cabeça e utilizar o raciocínio A+B=C para chegar a uma conclusão objectiva.Nada por acaso, até porque acaba por ser o tema Matosinhense por excelência da actualidade: diferenças entre o anterior e o actual presidente da câmara. Não querendo ir pelas óbvias enormes diferenças entre o aspecto, altura, formação académica, cívica e moral (ou falta delas) decidi-me pelas diferenças do tipo de discurso.O antigo dizia que "eu fiz", "eu sei", "eu sou" e TÓMBEM "eu controlo todas as acções da autarquia", a não ser quando dava raia da grossa e aí, ÓBIAMENTE, "a culpa foi do responsável desse pelouro em quem eu confiei e fui traído".O actual diz que "a minha equipa fez", "os meus vereadores chegaram a esta conclusão", "nós somos" e "a estratégia deste executivo é uma estratégia colectiva", mas quando a coisa dá para o torto tem a humildade de assumir que "este erro que foi cometido serve como lição e eu tudo farei para que este seja corrigido".Enretanto o café esfriou um pouco e as torradas ficaram no ponto, naquele ponto subversivo que permite uma pitada de malícia que me fez recordar um episódio de uma junta da mesma convicção política que foi injustamente acusada de irregularidades por uma denúncia anónima e que o presidente de então optou, enquanto também presidente da comissão política conselhia, por lavar daí as suas mãos e que quem lá estivesse que se aguentasse à bronca, não querendo saber até que ponto o seu partido saíria prejudicado desta situação. O mais importante era ele próprio não sair beliscado da situação...Valha-me o meu cafezinho para me manter a memória para não correr o risco de ser apanhado na esquina por um artista destes (pseudo-independente) nas próximas eleições...